Site Meter CASA DAS IDEIAS: O ELEVADOR - PARTE II

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

O ELEVADOR - PARTE II

Não é possível ... não entrou ninguém... chamaram e desceram pela escada...que sacanagem...
Paciência, a porta já esta fechando...
O que? Estão abrindo na hora que o bendito ia sair, e é um cara de menos de vinte anos....
— Ah não! Meu irmão... vai entrar não... o elevador esta cheio demais
— Pô, mas eu quero descer...
—Vai pela escada, vai...
“Ta todo mundo me olhando, não quero nem saber, quem está desempregado sou eu, e ninguém vai pagar minhas contas”.
Finalmente vamos chegar não tem mais onde parar...
BOW... CRASH... BOW !
— Que solavanco é esse?
— Ai meu Deus! — Gritou a senhora
— Vamos ficar presos. – sussurrou o aposentado.
— Tenho falta de ar! Não posso ficar preso — disse a bicha com o rosto em pânico.
Não acredito, o elevador parou entre o primeiro e o térreo... Meu emprego... Parece que estou vendo:
“ — Bom dia senhor Renato, seu primeiro dia não é?
— É sim senhora...
— O senhor sabe que está atrasado?
— É o elevador enguiçou comigo dentro...
— Como é que é, senhor Renato?
— É... ia até pedir a síndica para fazer um documento comprovando o fato, ... lembra? Faziam isso na Central do Brasil, quando o trem atrasava...
— ... Sei... Sabe o que é senhor Renato, é que não admitimos pessoas que chegam atrasadas, infelizmente... O primeiro dia diz tudo sobre a pontualidade do funcionário. Muito obrigado, o senhor esta dispensado...”
Não, isso não vai acontecer comigo...
—Porteiroooo... Abre essa sucata, tenho que sair daqui rápido... Porteirooo.... tenho compromisso, caramba... ei porteiroooo... Ahhhh...Ahhh, estou com falta de ar — Reclamou arfando a idosa.
— Calma vó, calma, já vão tirar a gente daqui. — disse a gordinha, que transpirava bicas e possivelmente é a responsável por essa tragédia. Apesar de meus gritos não havia nenhuma movimentação do lado de fora
Preciosos minutos depois ouvimos passos na escada que ficava ao lado do elevador
— Aí, ta me escutando otário que não me deixou entrar no elevador... vai ficar preso aí até de tarde pra deixar de ser mané e mal humorado, aí obrigado hein, estou indo a praia, na volta eu aviso ao porteiro. Otário...
— Quero sair daqui! Socorro! Abre a porra dessa porta! Chama a Síndica.
Pivete, vou te botar na cadeia se não chamar o corpo de bombeiro agora... Socorro!!!... quero sair daqui...
Escutamos passos no hall...
—Tem alguém preso no elevador? Perguntou o porteiro Zé... Tem gente aí?
Não acreditava no que estava escutando, tirei rapidamente meu remédio de pressão que levo no bolso para emergências e engoli com o resto de saliva que me restava.
— Estamos — respondeu a mãe da gordinha— mas estamos bem, não fique nervoso, esperaremos aqui com calma.
— Com calma nada minha senhora, tenho compromisso. Vamos lá Zé, tem gente passando mal aqui, anda logo, chama o corpo de bombeiro, a firma de elevador, e diz que nós vamos processá-la por tentativa de homicídio. Chama dona Noêmia, a sindica, diz que vai ser processada por negligência...
— Ah que falta de ar... Ahhhhh... Ahhh...
— Peraí, seu Renato, já vou lá chamar.
— Anda logo Zé, diz pra ela ligar rápido para o corpo de bombeiro...
A idosa desmaiou.
A bicha atacou:
— Aí meu Deus! A velha vai morrer aqui... Ai...
— Mãe, to com medo — disse a gordinha.
O aposentando sisudo, abaixou-se ao lado da senhora, pegou seu pulso, o silêncio era sepulcral, olhou seu relógio... nesse momento a senhora sacudiu-se com vigor, imaginei que recobrara os sentidos e tentava levantar-se, mas voltou a posição anterior, agora para não mais se mover. O aposentando que imaginei médico, colocou as mãos da senhora sobre o peito e murmurou:
— Ela morreu.
— Ah! — Gritou a bicha
— Mãeeeeeeee, — Gemeu a gordinha
— O aposentado fechou os olhos.
— Meu empreeeeeegooooooooo!!!!!!!!!!!! Gritei —
Com todos indo para o outro lado do elevador, como se tentássemos fugir da morte, ele rangeu e desceu mais um pouco.
Agora estávamos todos com falta de ar.
— Pessoal, já chamei a defesa civil, tenham calma, por favor — Disse D. Noemia
— Dona Noemia, até que enfim hein!!!. Dona Cleuza lá do dez, faleceu...
— O que seu Renato? O que? O senhor está brincando?
— Não, não estou dona Noêmia.
Encostamos o corpo inerte de dona Cleuza no canto. Pelo menos ela estava livre de todo aquele falatório.
— Nelsão... falava a bicha no celular — não vou poder te encontrar hoje, estou preso no elevador, e não sei nem se saio vivo dessa. Já morreu até gente. — Não é frescura não Nelsão, morreu mesmo... — e tem mais — Nesse momento procurou alguma privacidade colocando inutilmente as mãos entre a boca e o fone — Ta um mau cheiro aqui danado Nelsão, é, acho que foi isso mesmo...
A gordinha começou a chorar copiosamente — sua mãe indignou-se.
— O que o senhor está fazendo. Está insinuando que a minha filha...
Para nosso desespero o cadáver começou a se mexer. Cadáver não, porque ela estava viva.
A gritaria foi generalizada...
— Ah! Mãeeeeee, o fantasma da mulher veio pegar a gente.
— ... Nelsão... a mulher que morreu ta levantando.
...continua sexta-feira...

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